Cautela marca início do plantio de grãos |
Quando o ministro da Agricultura, Neri Geller, subir hoje em uma plantadeira em Dourados (MS) e simular o início da semeadura de soja no Brasil nesta safra 2014/15, em evento que será transmitido ao vivo pela TV, milhares de produtores rurais espalhados pelo país estarão se perguntando que retorno financeiro terão com suas lavouras. E essa dúvida faz todo o sentido, uma vez que as perspectivas apontam para preços baixos e margens de lucro bem menos generosas do que nas últimas temporadas.
Na região escolhida para o pontapé inicial, não é diferente. A previsão de que a produção nacional de soja deverá crescer cerca de 10% em relação ao ciclo anterior (2013/14), para 95 milhões de toneladas, e as projeções que indicam que as cotações continuarão em queda - em meio aos custos mais elevados - têm tirado o sono dos agricultores.
Proprietário de uma fazenda de 237 hectares, em Douradina, município colado a Dourados, onde alterna o plantio de soja com o de milho e a criação de gado bovino, Lúcio Damalia contabiliza despesas que já teve com a aquisição de sementes, inseticidas e fertilizantes e lança incertezas sobre a nova safra.
"Devo ter um custo total com insumos e mão de obra entre 15% e 20% maior nesta safra", afirma Damalia. "A questão é que o Brasil e o mundo estão produzindo muito, então vai sobreviver quem souber planejar melhor sua produção e minimizar seus custos."
Apesar do cenário, a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), estima que a área plantada no Estado com soja supere em 5% a da safra passada, alcançando 2,3 milhões de hectares.
O crescimento está em linha com o estimado nacionalmente pela Conab, que aponta uma área total de 31 milhões de hectares na safra 2014/15. "É muito difícil que a gente amplie muito as duas últimas safras, e é importante dizer que devemos ter margens apertadas de ganhos, mas com lucro", avalia Lucas Galvan, coordenador da área técnica da entidade.
Segundo ele, a estimativa é que o preço médio da oleaginosa no Estado caia para até R$ 50 por saca de 60 quilos - em 2013/14, os valores praticados se aproximaram de R$ 60. Já o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Marisvaldo Zuli, relata que já há casos de contratos na região fechados a R$ 50 por saca. "Mas pode abaixar para até R$ 40", diz.
Em recente entrevista ao Valor o ministro Neri Geller não descartou uma recuperação dos preços da soja em caso de problemas climáticos no Hemisfério Sul.
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