Item básico, preço do ovo sobe até 25% por falta de milho |
Depois do pão e da farinha ficarem mais caros em Manaus, chegou a vez do preço do ovo subir até 25%, em 2014, segundo a Associação Amazonense de Avicultura. A falta de milho, que compõe a ração das aves, no estoque da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Amazonas está causando o aumento do produto básico, que pode ser encontrado por R$ 0,40, a unidade, nos mercadinhos. A Companhia assumiu que o estoque está zerado.
Considerado complemento de refeições para muitas famílias amazonenses, o ovo está mais caro em vários pontos comerciais espalhados por Manaus. Em um mercadinho no bairro São José 2, zona leste da capital, o ovo subiu nesta semana. “Aumentou muito, quase toda semana aumenta”, disse a comerciante Laíde Souza. A unidade do ovo era vendida a R$ 0,30 e passou para R$ 0,35. Já a cartela com 30 ovos, que na semana anterior custava R$ 9, agora é vendida a R$ 9,50.
O preço tem assustado alguns consumidores que acabam reduzindo a compra do produto que muitas vezes é o prato principal de uma refeição. “Quando não tem carne e frango, vai no ovo. Quem tem família grande está sofrendo. Nem ovo está podendo comprar”, disse a dona de casa Iracy Bessa.
Em um estabelecimento localizado na Cidade Nova, zona norte, o consumidor que comprava três ovos com R$ 1, agora tem que desembolsar R$ 0,40 por unidade. Se a opção for comprar a cartela, é preciso pagar até R$ 12 pelo produto, que antes era R$ 10.
Já em um mercadinho no bairro Alvorada, zona oeste, a cartela com quatro ovos é vendida a R$ 1,50, cerca de 25% a mais do preço cobrado em março. A cartela com 30 ovos também sofreu reajuste na mesma faixa, saindo de R$ 9 para R$ 11,25, em abril.
Diferente do que se encontrava há três anos quando o ovo custava R$ 0,10, como lembra a dona de casa Iracy, o produto é vendido a R$ 0,40 no bairro Aparecida, zona central de Manaus. No mês passado, o item custava R$ 0,35 no mesmo local.
O amazonense, que teve de lidar com o aumento de 25% do pão em março e da farinha ‘ovinha’, que chegou a R$ R$ 16,69, em fevereiro, em Manaus, agora sente o reajuste do ovo.
Com o costume de fazer bolos para consumir com a família, a dona de casa Luzinete Gomes sentiu o peso no bolso com o novo preço do ovo. A dona de casa considera caro, mas continua consumindo.
A alternativa para tentar fugir dos altos preços é pesquisar e comprar em feiras, orienta a Associação das Donas de Casa do Estado do Amazonas (Adcea). “No momento, a dona de casa vai ter que buscar as grandes feiras, tentar comprar uma cartela, em vez de comprar de pouquinho na taberna”, destaca a presidente da Associação, Elisabeth Maciel. A Feira do Produtor e as feiras de bairro são as sugestões.
Maciel ressalta que a cesta básica do Amazonas é “campeã de segundo lugar do Brasil” e lamenta a alta do preço do ovo. “O ovo é um alimento essencial. É o socorro da família carente que não pode comprar carne, peixe. A família corre pro ovo com arroz”, afirma. Na comunidade Riacho Doce e no Mutirão, na zona Norte, o produto chegou a ficar em falta, conta Maciel.
De acordo com a presidente, em 2010, ainda era possível encontrar a unidade do produto por R$ 0,10 ou R$ 0,15. O item se manteve durante muito tempo em R$ 0,20 e voltou a subir com frequência. Para Maciel, o produto não vai demorar a chegar ao valor de R$ 0,50.
O consumidor que tiver um bom relacionamento com o comerciante ou for um freguês já conhecido pode tentar pechinchar.
Estoque do cereal no AM afeta produtores
A falta de milho no estoque da Conab, que vende o produto a preços mais baratos dentro do programa Venda em Balcão, é o motivo para o encarecimento do ovo, de acordo com o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço.
“A Conab está sem milho desde 18 de fevereiro”, disse. A Federação já enviou um documento ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e à Conab, em Brasília, solicitando a remoção de 3 mil toneladas de milho, mas não obteve resposta.
Sem poder comprar a saca de 50 quilos do milho a R$ 23,50, pequenos e médios produtores recorrem a lojas especializadas em produtos agrícolas, onde o valor varia de R$ 50 a R$ 60. “Temos amargado prejuízo”, disse Lourenço. A Faea estima aumento de até 40% no custo de produção.
O superintendente interino da Conab no Amazonas, Antônio Batista, confirmou que o Amazonas está sem milho no estoque do Venda em Balcão. “Desde fevereiro, ficamos sem estoque”, disse Batista. O superintendente informou que no final de 2013 não houve remoção de 3 mil toneladas por questões orçamentárias.
A Conab já solicitou a remoção de milho para o Amazonas ao Conselho Interministerial de Estoque Público de Alimentos, de onde fazem parte o Ministério da Agricultura, Casa Civil, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério da Fazenda. Para este ano, é prevista que 9 mil toneladas de milho sejam enviadas para o Estado.
Os 500 produtores do Amazonas cadastrados no programa, entre suinocultores, avicultores e bovinocultores, têm cota mensal de até 14 toneladas por mês. O programa vende a saca de milho a preços mais baratos aos pequenos e médios produtores.
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